Ano XIII - 2023

Ano mundial Contra Dor Musculoesquelética

Introdução 
Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) é uma condição musculoesquelética caracterizada por dor local e referida percebida como profunda  e dolorida, e pela presença de pontos-gatilho em qualquer região do organismo.


Eidemiologia 
• Poucos estudos epidemiológicos tem investigado a prevalência ou incidência de pontos de gatilho na SDM. Um estudo encontrou pontos-gatilho em 30 % dos pacientes que consultaram o atendimento primário por causa da dor e um segundo estudo relatou pontos de gatilho em 85 % dos pacientes que visitaram o atendimento terciário por queixas dolorosas.
• Pesquisas tem demonstrado que os pontos-gatilho estão associados a outras condições dolorosas, incluindo enxaqueca, cefaléia tensional, disfunções da articulação têmporo-mandibular, cervicalgias, dores em ombros, epicondilite, sindrome do tunel do carpo, lombalgias, dores pélvicas e lesões pós traumáticas.


Fisiopatologia 
A fisiopatologia dos pontos-gatilho não é completamente esclarecida, e um número de alterações morfológicas, de neurotransmissores, neurossensoriais, eletrofisiológicas e motoras tem sido implicadas em sua patogênese:
• Alterações morfológicas: Um significante aumento da rigidez tem sido encontrado nas bandas musculares e nos pontos-gatilho;
• Neurotransmissores: Elevado nivel de neuropeptidios (exemplo: substância P ou peptidio relacionado ao gene de calcitonina), catecolaminas (Norepinefrina) e citocinas pró-inflamatórias  (TNF alfa, Interleucina
1 beta, interleucina 6, interleucina 8) tem sido encontrados nos pontos-gatilho;
• Características neurosensoriais: dor referida que se espalha, hipersensibilidade para estímulo nociceptivo (hiperalgesia) e ao estímulo não nociceptivo (alodinia), sensibilidade à dor mecânica, hiperatividade simpática, facilitação para dor local e referida e atenuação da resposta vascular;
• Eletrofisiologia: muitos estudos tem encontrado atividade elétrica espontânea, atribuída ao aumento dos potenciais de placa terminal em miniatura e maior liberação de acetilcolina nos pontos-gatilho, apesar de necessitarmos de mais estudos futuros para esta confirmação;
• Prejuízo Motor: pontos-gatilho miofasciais pode induzir mudanças nos padrões de ativação muscular normal e resultar em disfunção motora.

Características clinicas 
• A estimulação de pontos-gatilho ocasionam dores referidas;
• A duração das dores referidas é variável (segundos, horas, dias);
• A dor referida é percebida como profunda, dolorida, queimação e às vezes pode ser percebida como dor
superficial;
• A dor referida pode se espalhar caudalmente ou cranialmente;
• A intensidade e a área de expansão da dor referida estão positivamente correlacionada com o grau de atividade do ponto-gatilho;

Critérios Diagnósticos 
Os critérios diagnósticos para pontos-gatilho estão em Debate, porém existem 3 critérios diagnósticos mínimos (1-3) e 6 de confirmação(4-9):
1) Presença de banda tensa palpável em musculo esquelético;
2) Presença de área de hipersensibilidade dentro da uma banda tensa muscular;
3) Reprodução da sensação de dor referida com estimulação do nódulo doloroso;
4) Evocação de reação contrátil visualmente ou á palpação da banda tensa;
5) Presença de “sinal do pulo” ou seja, reação de retirada a palpação dos nódulos;
6) Paciente reconhece a dor que sente ao exame  de palpação muscular;
7) Previsão de padrões de dor referida;
8) Fraqueza muscular e músculo em aperto;
9) Dor com alongamento ou contração do musculo afetado.

Diagnóstico e Tratamento 
A terapêutica dos pontos-gatilho e da SDM é multimodal. As intervenções mais comumente utilizados são os
seguintes:
• Massagem, compressão isquêmica, liberação ou deslizamento miofascial, e outras intervenções dos tecidos moles (como energia muscular) mostraram de moderada a forte evidência para alívio imediato da dor;
• Agulhamento de pontos-gatilho tem mostrado benefícios clínicos, mas são necessários mais estudos;
• A terapia com laser apresenta fortes evidências de eficácia para o alívio da dor;
• A estimulação elétrica transcutânea (TENS) e terapia magnética mostraram evidência moderada imediata sobre os pontos-gatilho miofasciais;
• O exercício tem mostrado benefício moderado e pode incluir alongamentos e amplitude de movimento, fortalecimento, resistência, ou exercícios de coordenação;
• Ultra-som terapêutico tem fraca evidência de eficácia nos pontos-gatilho.

Tradução: Dra. Fabiola Peixoto Minso


Referências: 
1. Fernández de las Peñas C, Cuadrado ML, Arendt-Nielsen L, Simons DG, Pareja JA. Myofascial trigger points and
sensitisation: an updated pain model for tension type headache. Cephalalgia 2007;27:383–93.
2. Simons D, Travell J, Simons P. Travell & Simons’ myofascial pain & dysfunction: the trigger point manual. Baltimore:
Williams & Wilkins; 1999.
3. Tough EA, White AR, Cummings TM, Richards SH, Campbell JL. Acupuncture and dry needling in the management of
myofascial trigger point pain: a systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials. Eur J Pain 2009;13:3–10.
4. Vernon H, Schneider M. Chiropractic management of myofascial trigger points and myofascial pain syndrome: a systematic
review of the literature. J Manipulative Physiol Ther 2009;32:14–24.

Fonte: http://www.iasp-pain.org/AM/AMTemplate.cfm?Section=HOME&SECTION=HOME&TEMPLATE=/CM/ContentDisplay.cfm&CONTENTID=10586

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